quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Em busca do Vale Sagrado - Dia 3 - Cusco

Após chegar ao aeroporto de Cusco, fomos recepcionados pelo pessoal da Machu Picchu Brasil e prontamente fomos de van para o hotel San Augustin Internacional. No caminho, já foi visível estar em um local totalmente diferente do que estávamos acostumados, as pessoas, as ruas, as construções, os carros, os cachorros nas ruas, tudo era incomum.
Chegando no hotel, enquanto agilizava o check-in, o pessoal da Machu Picchu Brasil nos passou as dicas para o primeiro dia, dicas de lugares para conhecer, restaurantes, casas de câmbio, etc.
 O hotel, com arquitetura rustica, agradou muito, o quarto era bem aconchegante, principalmente no frio que estava fazendo e ao qual não estávamos nem um pouco acostumados, e pela localização - 1 quadra da Plaza de Armas - , que proporcionou facilidade nos passeios além de uma bela vista com um "parque / praça" que possui do lado.
Depois de uma pequena ajeitada nas bagagens, um belo banho e roupas limpas, é hora de sair pela cidade para almoçar e dar um rolé...
O restaurante escolhido foi um dos indicados pela agência, só o cardápio que não... A principio, por ser nosso primeiro dia em Cusco - 3300 mts de altitude - corríamos o risco de passar mal pelo fato da altitude elevada, portanto, deveríamos comer algo leve (sopas, caldos), mas, como estávamos nos sentindo muito bem, que seja carne!

No restaurante tivemos o primeiro contato com o "milhão" - O Peru tem  uma enorme variedades de milho, de tamanhos diferentes, cores diferentes, etc -, o milho de grandes grãos cozidos foi trazido de entrada, junto com pães e molhos picantes - Parece algo da cultura local, todas as refeições vem com uma entrada antes, geralmente, algum tipo de pão.
Com os pratos principais em mãos, hora de experimentar o lomo a la parrilla e alcapa a la parrilla. Lomo é o nosso filé bovino, mas que filé... um das melhores carnes bovinas que já comi... Alpaca é um animal da região andina, parecida com a Lhama (foto ao lado), contudo, com fucinho curto e toda coberta de lã/pelos... é um dos animais que mais tem produção na região, pois além de fornecer a carne que comia, fornece a matéria prima para a confecção de todos os tecidos que são comercializados e utilizados na região. O gosto da carne é muito bom, tem gosto de carne de caça, mas ao mesmo tempo não é algo "forte" que desagrada a algumas pessoas...
Os preços médios dos restaurantes também são bons, todos os restaurantes que fui são considerados "chickes", servem pratos individuais, tem comida muito boa (basta saber escolher, pois aventuras gastronômicas podem resultar em algo que não te agrade), e os pratos custam em média 30 soles - o que considero barato levando em consideração a valorização do real/sol (na média, menos de 25 reais/prato), a quantidade/qualidade da comida, e que estamos em um lugar turístico.
O centro de Cusco, também conhecido como centro-histórico é muito pitoresco e acolhedor, as pessoas estão bastante acostumadas com o turismo e sem dúvida, é o que gera a maior renda para a região, pois turista é o que não falta nas ruas de Cusco.
Pelo fato da renda gerada pelo turismo era de se esperar, mas logo tive o primeiro esbarro com as diferenças culturais... Na saída do restaurante, chegando na Plaza de Armas, fui abordado por um rapaz jovem que se apresentou como estudante de artes e me mostrou um portfólio de pinturas de sua autoria... olhei, ele insistiu que comprasse, achei uma pintura bonita e perguntei quanto custava: "45 soles" (aproximadamente 36 reais no cambio atual)... exitei em não comprar e ao tentar a tangente "35 soles"... ok... peguei o dinheiro, paguei, peguei a pintura que tinha gostado, afinal, uma pintura bonita e uma lembrança por menos de 30 reais, está ótimo... até que virei a esquina, e vi outro rapaz, também com um portfólio de pinturas, com uma pessoa pechinchando e comprando uma pintura a 15 soles... Bom, dai pra frente percebi que, ao contrário da nossa cultura onde a maioria das coisas que consumimos tem um preço e não adianta chorar por ele... Em Cusco, a maioria das coisas que queira consumir é como "comprar rede na praia", tudo é negociado, e o preço tende a cair bem quando negociado.
Outra coisa, existem várias coisas "pega-turista", como por exemplo, a pessoa que para no meio da rua para te dar uma explicação sobre qualquer um dos vários pontos histórico/turísticos de Cusco e depois pede dinheiro pela explicação, ou as senhoras/crianças que ficam com vestimentas típicas do interior da região com lhamas de todos os tamanhos a passeio que ao primeiro sorriso seu, se amontoam ao seu redor para uma foto, após a foto "10 soles". Normal, não faz mal pagar uma ou outra vez, mas se virar rotina, pode custar um bom pedaço da sua viagem.
Cusco, que era a capital do império Inca, cheira à história. Para começar, a cidade é repleta de igrejas e construções da época dos conquistadores espanhóis - a receita era a mesma simples e idiota utilizada pela Igreja Católica no mundo inteiro na idade média: se existia um templo Inca, "trucida Jesuzinho" e constrói uma igreja por cima. "Ái modeuzo". De qualquer forma, não deixa de serem belas construções e a arquitetura da época é marcante e o visual criado pelas várias construções espalhadas pela cidade é muito bacana.
Aliada às diversas construções, as ruas de calçamento rústico, os becos e as várias praças de Cusco, todas muito verdes, bem cuidadas, limpas, com chafarizes e bem iluminadas com jogos de luzes bastante interessantes, fazem desse centro histórico um lugar muito agradável para passar horas e horas passeando de dia ou de noite.
É possível comprar pacotes turísticos ou pagar entradas para visitar os vários museus da cidade (coisa que não fiz - não faz muito o meu gosto) e em volta da Plaza de Armas existe comércio para todos os produtos e serviços, de restaurantes, pacotes para Machu Picchu, aluguel de veículos, pacotes para esportes de aventura, massagens, roupas, artesanato, etc... obviamente, por estar no "miolo" turístico da cidade, as coisas tendiam a ser mais caras por ali, nada que uma boa negociação não ajudasse a jogar o preço para baixo.
Depois de muito passeio, passamos em um mercadinho e compramos água para levar para o hotel - os hotéis da região não são como os nossos e exploram o frigobar dos quartos, lá, existe sim frigobar disponível, mas vazio, caso queira consumir algo, compre e leve ou peça no restaurante do hotel -...
Uma coisa que achei interessante, foi o fato de as bebidas serem vendidas e consumidas em temperatura ambiente em qualquer lugar que vá consumir, seja água, cerveja, suco, refrigerante... pode-se pedir gelo, mas, geralmente, nada vem gelado.
Enviados alguns emails para manter contato, e vamos dormir, já tarde para nosso relógio biológico - devido as 3 horas de diferença de fuso - , para mais um dia explorando a cidade encrustada na Cordilheira dos Andes, com seus vários e imensos morros ao redor...

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